Frio
Abro a janela redonda da morada de me cabe. É noite. Fumo um cigarro ali para não empestear a casa. Faz silêncio. Só ouço o vento, as folhas, que por causa dele se esfregam, e mais nada. A cúpula celeste se esconde por trás de um tempo fechado iluminado, do alto, por uma lua cheia que se despede. Faz frio, e eu fumo o meu cigarro na janela semi-fechada sobre o meu corpo, de modo a proteger o calor artificial da casa.
Penso naquele que não tem calor por não ter casa. Penso naquele que não conhece ou há muito não tem o calor de uma casa. Vivo o silêncio e o frio, enquanto fumo o meu cigarro, pensando na absurdidade desse frio ainda sentido à pelo nos dias em que, do lado de dentro, me beneficio de uma casa cheia de eletricidade.
Com meio corpo para o lado de fora, desafio o tempo para ver até quando suportarei esse frio. É o tempo de um cigarro. Melhor dizendo: o cigarro é um pretexto, para mim, para encarar esse frio.
E pensar que há aqueles que não têm escolha: é o frio, apenas o frio, sem cigarro, sem birita, sem escolha. O Frio. frio seco sem silêncio. Cheio de ais.
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