domingo, julho 09, 2006

Schnittke

A menininha seguia pelo corredor, pé ante pé, amparada em sombras. Pequeneníssima diante da vastidão das savanas que a música vinda da sala desenhava em seu pensamento, a garota entendia perigo na floresta da vida e colava as mãos na parede, sustentando a vista em qualquer mínima claridade.

"Parece música de filme". Eis a descrição corrente para a música contemporânea, música erudita do século XX. Essa música é pingo de água ecoando nos corredores abissais de nossas grutas. Caixinha de música da memória. Endiabrados violinos atormentando o ser embrumado. Acordes abrem clareiras na selva. E seguimos viagem sem saber pra onde estamos indo, mas vamos.

Schnittke em seu segundo movimento do Concerto para Viola e Orquestra faz cair lágrimas dos olhos de tanta beleza. Edgar Varese, puta que o pariu, só um corpo estirado num chão com a barriga voltada para cima pode entender plenamente do que se trata.

1 Comments:

Blogger ipaco said...

Que sonzeira!

1:26 PM  

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