sexta-feira, junho 05, 2015

A Felicidade

A felicidade é algo assim, tão bonito, mas tão bonito e tão gostoso e tão bom que a gente às vezes nem sabe que está sendo feliz. E assim, por não saber, a gente vive jogando a felicidade fora pela janela ou até mesmo à pontapé. A gente faz isso com a felicidade porque ela nunca diz a hora em que vai chegar. Ela tem essa mania e a gente aprende uma etiqueta para se comportar direitinho e acaba achando que a felicidade não é o que se vive. Não é que ela não seja comportada. Nem que seja mal-comportada. A felicidade não se comporta de modo algum. A felicidade não diz nada, nem se mexe. A gente é que se comporta dentro ou fora, com ou sem felicidade. Porque é como a gente respira, ou enxerga, ou ouve que a gente sente felicidade. E é muito comum que a gente dê pinta de não entender a felicidade quando a gente abre a boca. Quando a gente abre a boca a gente pode liberar o engano ou até mesmo a cegueira, porque é na fala que se vê que se é cego. E para falar é preciso respirar, antes de qualquer coisa. E o modo como se respira faz sentir se a felicidade está pairando. No mais das vezes, contudo, a felicidade é soprada fora, porque a gente não aprende. A gente não aprende que a felicidade é sutil e que quando se sente ela a gente fica forte. Mas, quando com os sentidos embutidos, a gente escurraça ela. Tadinha da felicidade...