segunda-feira, junho 06, 2005

cronicamente inviável

Hoje tentei de todas as formas começar uma carta e vi que nenhum dos estados de espírito que me metamorfosearam deram conta de me fazer sentir em paz com os desejos ensaiados na tela do computador. Apesar de tantos e diversos estados, vi que permaneci esbarrando em um semelhante à confusão. Tenho que jogar a meu favor, não posso mais adiar isso! E partindo deste princípio constato agora que lidar com maluco é um risco para a própria sanidade. O maluco possui uma lógica muito própria, por isso impenetrável. Não havia sentimento traduzido em perguntas ou afirmações capaz de me proporcionar qualquer sensação de alegria, pois se lançar com tanta coisa dentro do peito através de palavras medidas denota um medo de não receber o abraço esperado, a acolhida para esse afeto. Chego a pensar que errei. Digo isso porque talvez eu tenha esquecido de olhar para o elemento mais determinante de todo esse enredo do qual quero agora me desenredar; talvez eu tenha tido medo de reconhecer que lutei contra a loucura, que acreditei estar salvando, e assim acreditei que amava. Estou confusa quanto ao que sentia, e me pergunto: será que salvando buscava recompor a minha integridade ferida? Agora, nessa exaustão que me tem silenciosa e lúcida, vejo que me permiti machucar-me ainda mais abrindo o peito como prova de qualquer coisa que pensava ser amor. Não era. Era ilusão. Pintei um quadro bonito sobre uma realidade apavorante, e agora choro. Mas só por agora. Logo mais terei outras coisas com que me ocupar, outros estados de espírito me arrebatando em direçòes mais claras. Assim espero, enquanto por ora choro. Temo me perder de novo em ilusões. Mais do que isso: eu provei o gosto da ilusão e sei que correrei de novo esse risco, pois não sei viver o amor se não for de peito aberto. Acho que choro agora, exatamente nesse momento, porque me achei bela.