rito
No metrô iam: a flor, a mãe, o pai e a filha. A flor estava machucada, e ia pretensiosamente como um presente da mãe da filha para a mãe do moço. “Um presente machucado – pensou a filha – não é coisa que se dê”. Sendo assim, a flor machucada passou a ser dela, e a mãe do moço ganhou um vaso de ciclâmen ornado ainda por uma borboleta de pano. A flor machucada não sentia a dor da moça. A flor machucada, abstraída do sentimento que a moça portava, alegrou o seu dia. Ao passo que o ciclâmen e todos os outros dessa história permaneceram nos seus lugares como formigas, alheios à dor que cumpliciou a moça e a flor.
5 Comments:
queria poder pegar a moça e a flor e guardá-las de todas as dores, mas aí não estariam vivas, atravessando ritos... e eu seria como Deus, cansado de carregar o mundo às costas. Então que sofram um pouquinho, ou o necessário, e transformem o mundo com suas belas almas vivas e me resgatem com elas da onipotência serena e indolor da morte.
Queria o teu peito, amado amigo, não para confortar minhas dores. Pelo contrário: queria a batida do teu coração para saber se há tua vida no mundo. Fazer o que? Só nos resta viver.
muito belo isso. bateu fundo na minha alma dilacerada de quem se entrega ao amor sem reservas.
posso roubar (com os óbvios devidos créditos) e publicar no meu blogue? (www.ospatios.blogspot.com)
abraço.
marco,
caxias do sul
Marco,
Chegando assim, com essa doçura, e se tu gostas - pegue, cheire, viva. Será um prazer.
Obrigada.
eu que agradeço.
sinta-se em casa.
acabei de publicar.
abraço.
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