sábado, novembro 07, 2009

sol em leão, lua em câncer, ascendente em libra

...e a senhorita, diante da expectativa da platéia, respondeu: "Se eu tivesse que vos dizer o que me vem agora ao pensamento, nesse momento em que um sorriso se arvora em meu rosto, supostamente sem mais nem porquê, eu vos confesso: eu diria 'que bom'. Sem exclamações".
A senhorita, solene, vinha andando contente com a vida que levava.
Para ela, tudo não passava de um eterno gerúndio e sempre ao se lembrar disso que pensava era obrigada a considerar também o caráter de sua sorte: ela era boa. Bem boa. Pois gozava e sofria, sem achar nisso nada demais além do que era: sensações provenientes de uma dada conjuntura, a sua, a de um momento em meio a todo esse incomensurável manancial chamado experiência humana.
Era humilde. Seu talento era para encenar a sua própria vida. Não confundia-se com Antígonas, Medéias ou Madames Bovarys.
A senhorita, frequentadora de ruas, bazares e salões, era uma jovem. Uma jovem burguesa, uma jovem profissional, uma jovem mulher de seu tempo. Com apenas um distintivo: não se achava especial. E além do mais ela ria. E assim, quando chorava, a senhorita desaguava, pois sabia o que era a felicidade.