sábado, dezembro 02, 2006

Ultramares


Incauta,
O sabor do sal
Expele pelas tuas lágrimas
E alimenta o meu suor.
No fundo do céu
Já vão as horas
desta tua euforia
Etérea Oh, ilusão
Pare o teu espírito de Musa
Voraz harpia
E brada aos ventos qu'eu te amei

Incauta,
Sorve a gota
Do meu sêmen impuro
O meu veneno prestimoso deixado
às baratas Oh, água
Narciso brota do teu cristalino
Chora agora, Incauta
Dá a cara aos tapas da tua insensatez
E vinga, ingênua,
Em ti o sonho
De saber-te nua inteiramente
Tua em frangalhos de existência

E chora agora, divina Incauta
Pois desponta o tempo
Em que renascerás, enfim,
Insana e douta.